Nascida no ano de 1808 na “porteira dos Vilellas”, fazenda localizada no distrito de "Santo Antônio do Rio das Mortes Pequeno", um povoado a seis léguas, aproximadamente 13 quilômetros de São João Del Rei -, na antiga província de Minas Gerais, conhecida pela grande concentração de ouro e diamantes.
E que, por isso, contava com uma enorme população escrava no período. Tida como “alta, morena e bonita”, ao contrário do irmão, preferiu a vida de reclusão.
Viveu
na mesma Minas Gerais, só para lembrar, onde também floresceu a liderança de "Chico Rei" e, ainda, o poder sedutor e guerreiro de "Chica da Cilva" – que foi
mulher do influente João Fernandes, conhecido tratador de diamantes -, além do
célebre padre dom Silveira Gomes Pimenta, que chegou a arcebispo de Mariana, em
1906.
Conforme
o livro de assentos de batismos da paróquia, foi batizada em 1810, na capela de
Santo Antônio, onde se encontra ainda a pia batismal na qual se deu a
cerimônia.
Segundo consta, Francisca teve apenas um único irmão, de nome
Teotônio Pereira do Amaral, que nasceu provavelmente quatro anos antes dela, em
1804. A família logo se mudou para Baependi e se instalou numa pequena
residência na "Rua das Cavalhadas", hoje "Rua da Conceição".
Nesta casinha, "Nhá
Chica" viveu a maior parte de sua vida terrena, atendendo as pessoas, pregando
o evangelho e dando conselhos, passando a ser conhecida como a “serva de Deus”.
Se tivesse posses, provavelmente,como as moças brancas de sua geração, seu
caminho seria o convento. Hoje a casinha de "Nhá Chica" é quase um santuário,
aberta à visitação pública e às romarias de fieis e devotos da beata mineira.
Pouco
tempo depois morre dona Isabel, sua mãe, e "Nhá Chica" fica órfã com a idade de 10 anos apenas. Seu irmão Teotônio, porém, mais velho, teve uma vida bem
diferente e agitada: galgou os cumes do poder político, judicial e militar da
chamada "Vila de Baependi", chegando a ser vereador, juiz de Vintena e
lugar-tenente da "Guarda Imperial".
Era, na verdade, um negociante influente.
Tinha também marcada presença na religiosidade baependiana, ocupando a mesa da "Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte", como membro.
Casado com dona Leonora
Maria de Jesus, não há registro que tenha deixado qualquer descendência, o que
fez da irmã religiosa sua herdeira universal.
Embora
ela pudesse acompanhar seu irmão ou casar-se, preferiu morar em sua casa humilde
e dedicar-se inteiramente a Deus e às pessoas mais necessitadas. Ainda no leito
de morte, sua mãe lhe recomendara a vida solitária, para melhor praticar a
caridade e conservar a fé cristã.
Foi o que fez. Seguindo fielmente esse
conselho materno, não deixou a casa onde vivia, recusando o convite do irmão
poderoso que a chamava para sua companhia ilustre.
Manteve-se isolada do mundo.
Rapazes do seu tempo pediram-na em casamento, mas recusou a todos eles.
Tornou-se até amiga de um deles que se fazia muito insistente, em gratidão
pelas suas boas intenções.
Sua única companhia era o escravo liberto Félix, que
cuidava dos trabalhos e dos afazeres da capela. Católica fervorosa, e seguidora
que era desde pequena de "Nossa Senhora da Conceição", construiu ela mesma uma
capela, hoje inexistente, mas que exigiu cerca de 30 anos de sua dedicação para
ser construída, pois dependia das doações que recebia, sobretudo, da população.
Essa
casa é a imagem de sua vida simples e dedicada aos pobres. Era ali que ela
recebia todos aqueles que acorriam aos seus conselhos e as suas orações. "Nhá
Chica" fazia suas preces à “Sua Sinhá”, como ela chamava "Nossa Senhora da
Conceição", representada numa pequenina imagem, de terracota, até hoje
conservada em sua atual casa-museu. (Texto :
Uelinton Farias Alvez - Adaptação web: David Pereira- )
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